Criada para ser uma espécie de CG para rodar em pisos mais irregulares, a Honda NXR Bros se distancia cada vez mais de sua "irmã". E, pela primeira vez, desde seu lançamento, em 2003, o modelo acaba de recebe motor diferente ao de sua familiar. Com o aumento na cilindrada, a moto passa a se chamar NXR 160 Bros, com previsão de início das vendas em dezembro de 2014.
Aos poucos, este será o fim da NXR 150 Bros, a mais vendida no segmento trail (uso misto em asfalto e terra) e que figura entre os 5 modelos mais vendidos no país. Ela deve ficar até o começo do próximo ano nas concessionárias, enquanto ainda persistem os estoques.
Mais simples e barata, a Bros 125 continuará em linha, mas é de segmento inferior.
O fato de estrear novo motor se deve ao tamanho sucesso dos modelos trail no Brasil, e também à chegada de uma concorrente interessante: a Yamaha XTZ 150 Crosser.
Além do conjunto novo em mecânica, chassi e dimensões, a moto teve seu visual atualizado: apesar de manter a essência do modelo anterior, a esportividade foi aumentada.
Com nítida inspiração em motos de cross, o modelo ganhou novo farol na dianteira, carenagens mais modernas, envolvendo o tanque, que também é novo, apesar de manter os 12 litros de capacidade. Na traseira, a novidade é a lanterna com “efeito 3D”, que busca imitar LED. O desenho das laterais, do assento e do motor também mudou.
Mais confortável
Desenvolvida para ser uma moto multiuso, a Bros 160 pode ser definida como “uma moto com cara de Brasil”. Apesar de a CG ainda ser a mais vendida do país, a Bros se mostra mais preparada para superar pisos irregulares, como os encontrados na maior parte do país.
No entanto, por ser mais cara que a CG 150, que é vendida a partir de R$ 7.010, dificilmente irá ultrapassá-la.
De acordo com a Honda, a Bros 160 é destinada a um público que procura uma moto utilitária, porém, com um visual mais imponente e que ofereça, sobretudo, conforto.
A Bros 150 já era muito confortável, mas este ponto evoluiu ainda mais na 160. Sua geometria foi alterada, resultando em uma pequena melhoria no conforto.
O assento ficou mais alto e fino, passando de 829 milímetros para 842 mm, enquanto a pedaleira se tornou mais baixa: de 302 mm para 292 mm.
Na prática, isso faz com que as pernas possam ficar menos flexionadas, o que é melhor para longos percursos. Mesmo assim, a maior altura não prejudica o alcance dos pés ao solo. O banco, com novo desenho, também melhora a acomodação.
O guidão ficou mais próximo do corpo, com uma largura maior, chegando a 15.766 mm, contra 14.761 mm da versão anterior. Isso também favorece uma tocada mais relaxada.
Com o objetivo de possibilitar mais estabilidade para a estrada, o entre-eixos foi aumentado em 3 mm, somando 1.356 mm no total.
O ângulo de cáster (inclinação da suspensão dianteira) também foi levemente aumentado, com maior ângulo.
Base de tudo, o chassi também é novo e tem o centro de gravidade mais baixo que o anterior. São mudanças bem sutis, mas que causaram bom efeito dinâmico para a Bros.
Por que 160?
A cilindrada mais comum dos modelos de baixa cilindrada é geralmente 150, mas por que, afinal, a Honda buscaria o estranho volume de 160 cc? Além do marketing de "atacar" a principal concorrente com um número maior – a Crosser é 150 -, a Bros 150 se mostrava fraca demais em algumas situações e um pouco mais de potência e torque eram bem-vindas.Com o novo motor para 162,7 cc, a potência máxima passou de 13,8 cavalos a 8.000 rpm para 14,5 cavalos a 8.500 rpm, quando comparada à Bros 150. O torque máximo também subiu de 1,53 kgfm a 1,60 kgfm. De acordo com a empresa, isso resultou em velocidade máxima maior, apesar de a Honda não divulgar esse número.
Mas o efeito mais importante foi o de melhorar retomadas e deixar de lado a apatia do motor anterior, nítida em subidas.
É importante ressaltar que ainda não há nenhuma exuberância no motor da Bros: ela é uma moto extremamente mansa, mas agora está mais apta para superar obstáculos em pequenas trilhas ou mesmo subidas íngremes na cidade.
Outro motivo divulgado pela marca para a criação deste novo motor, inédito mundialmente e desenvolvido especificamente para o Brasil, foi já se antecipar à nova fase das regras de emissões de gases, prevista para entrar em vigor em 2016 no país. Com a maior cilindrada, ficou mais fácil se adequar, sem "amarrar" muito o motor.
Questionada sobre a possibilidade de este motor ser utilizado em outro modelo da empresa, como a CG, a empresa diz que estuda essa possibilidade, mas que não há nada confirmado.
Briga boa
De acordo com a Honda, as vendas no segmento trail não caíram durante este período de baixa que enfrenta o setor de motocicletas no Brasil. “Estas motos de uso misto não foram impactadas pela crise”, afirma Maurício Alcântara, gerente de planejamento comercial da marca.A chegada da Crosser 150, no começo deste ano, foi muito importante para o nicho. Além de ser um produto de qualidade, a moto fez com que a rival mudasse a bem-sucedida Bros. “Com a chegada da Yamaha, o segmento cresceu e a Crosser conquistou mercado”, acrescenta Alcântara.
A expectativa da Honda, com a nova Bros 160, é manter as cerca de 14 mil unidades mensais vendidas da 150, o que a coloca em 4º lugar de vendas no país, com base em números de emplacamentos, segundo a Fenabrave, a federação dos concessionários.
Enquanto isso, a Crosser segue “escalando” o ranking de vendas: foi a 10ª na lista de outubro, com cerca de 2,5 mil unidades emplacadas. Ainda é pouco comparado à Bros, mas somente o fato de a Yamaha colocar mais uma moto no top 10 já incomoda a Honda. Para tornar a Bros mais atraente frente à Crosser, a riva oferece 3 anos de garantia para o novo modelo, o que antes só era feito com a CG.
O novo modelo inova com uma versão, a ESDD, mais cara, com freio a disco tanto na dianteira quanto na traseira, o que a Crosser não oferece.
Aliás, não há mais versão da Bros com freio a tambor dianteiro. A de "entrada", ESD, tem freio a disco na dianteira e a tambor na traseira. O preço equivale ao da Crosser ED, que segue a mesma "receita". Mas a Yamaha ainda oferece a Crosser com freio a tambor nas duas rodas, por R$ 9.050.
Com Bros 160 e XTZ 150 Crosser, o segmento está mais evoluído do que nunca. Enquanto a Yamaha apostou em uma moto com visual “jovem”, quase uma supermotard, com para-lama baixo, a Honda evoluiu o motor e também trouxe mais emoção ao conjunto. O resultado são motos interessantes, porém, cada vez mais caras.
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