terça-feira, 10 de março de 2015

Primeiras impressões: Honda NXR 160 Bros








Criada para ser uma espécie de CG para rodar em pisos mais irregulares, a Honda NXR Bros se distancia cada vez mais de sua "irmã". E, pela primeira vez, desde seu lançamento, em 2003, o modelo acaba de recebe motor diferente ao de sua familiar. Com o aumento na cilindrada, a moto passa a se chamar NXR 160 Bros, com previsão de início das vendas em dezembro de 2014.

Aos poucos, este será o fim da NXR 150 Bros, a mais vendida no segmento trail (uso misto em asfalto e terra) e que figura entre os 5 modelos mais vendidos no país. Ela deve ficar até o começo do próximo ano nas concessionárias, enquanto ainda persistem os estoques.

Mais simples e barata, a Bros 125 continuará em linha, mas é de segmento inferior.

O fato de estrear novo motor se deve ao tamanho sucesso dos modelos trail no Brasil, e também à chegada de uma concorrente interessante: a Yamaha XTZ 150 Crosser.

Além do conjunto novo em mecânica, chassi e dimensões, a moto teve seu visual atualizado: apesar de manter a essência do modelo anterior, a esportividade foi aumentada.

Com nítida inspiração em motos de cross, o modelo ganhou novo farol na dianteira, carenagens mais modernas, envolvendo o tanque, que também é novo, apesar de manter os 12 litros de capacidade. Na traseira, a novidade é a lanterna com “efeito 3D”, que busca imitar LED. O desenho das laterais, do assento e do motor também mudou.
Mais confortável

Desenvolvida para ser uma moto multiuso, a Bros 160 pode ser definida como “uma moto com cara de Brasil”. Apesar de a CG ainda ser a mais vendida do país, a Bros se mostra mais preparada para superar pisos irregulares, como os encontrados na maior parte do país.

No entanto, por ser mais cara que a CG 150, que é vendida a partir de R$ 7.010, dificilmente irá ultrapassá-la.

De acordo com a Honda, a Bros 160 é destinada a um público que procura uma moto utilitária, porém, com um visual mais imponente e que ofereça, sobretudo, conforto.

A Bros 150 já era muito confortável, mas este ponto evoluiu ainda mais na 160. Sua geometria foi alterada, resultando em uma pequena melhoria no conforto.

O assento ficou mais alto e fino, passando de 829 milímetros para 842 mm, enquanto a pedaleira se tornou mais baixa: de 302 mm para 292 mm.

Na prática, isso faz com que as pernas possam ficar menos flexionadas, o que é melhor para longos percursos. Mesmo assim, a maior altura não prejudica o alcance dos pés ao solo. O banco, com novo desenho, também melhora a acomodação.

O guidão ficou mais próximo do corpo, com uma largura maior, chegando a 15.766 mm, contra 14.761 mm da versão anterior. Isso também favorece uma tocada mais relaxada.

Com o objetivo de possibilitar mais estabilidade para a estrada, o entre-eixos foi aumentado em 3 mm, somando 1.356 mm no total.

O ângulo de cáster (inclinação da suspensão dianteira) também foi levemente aumentado, com maior ângulo.

Base de tudo, o chassi também é novo e tem o centro de gravidade mais baixo que o anterior. São mudanças bem sutis, mas que causaram bom efeito dinâmico para a Bros.


Por que 160?

A cilindrada mais comum dos modelos de baixa cilindrada é geralmente 150, mas por que, afinal, a Honda buscaria o estranho volume de 160 cc? Além do marketing de "atacar" a principal concorrente com um número maior – a Crosser é 150 -, a Bros 150 se mostrava fraca demais em algumas situações e um pouco mais de potência e torque eram bem-vindas.

Com o novo motor para 162,7 cc, a potência máxima passou de 13,8 cavalos a 8.000 rpm para 14,5 cavalos a 8.500 rpm, quando comparada à Bros 150. O torque máximo também subiu de 1,53 kgfm a 1,60 kgfm. De acordo com a empresa, isso resultou em velocidade máxima maior, apesar de a Honda não divulgar esse número.

Mas o efeito mais importante foi o de melhorar retomadas e deixar de lado a apatia do motor anterior, nítida em subidas.

É importante ressaltar que ainda não há nenhuma exuberância no motor da Bros: ela é uma moto extremamente mansa, mas agora está mais apta para superar obstáculos em pequenas trilhas ou mesmo subidas íngremes na cidade.

Outro motivo divulgado pela marca para a criação deste novo motor, inédito mundialmente e desenvolvido especificamente para o Brasil, foi já se antecipar à nova fase das regras de emissões de gases, prevista para entrar em vigor em 2016 no país. Com a maior cilindrada, ficou mais fácil se adequar, sem "amarrar" muito o motor.

Questionada sobre a possibilidade de este motor ser utilizado em outro modelo da empresa, como a CG, a empresa diz que estuda essa possibilidade, mas que não há nada confirmado.


Briga boa

De acordo com a Honda, as vendas no segmento trail não caíram durante este período de baixa que enfrenta o setor de motocicletas no Brasil. “Estas motos de uso misto não foram impactadas pela crise”, afirma Maurício Alcântara, gerente de planejamento comercial da marca.

A chegada da Crosser 150, no começo deste ano, foi muito importante para o nicho. Além de ser um produto de qualidade, a moto fez com que a rival mudasse a bem-sucedida Bros. “Com a chegada da Yamaha, o segmento cresceu e a Crosser conquistou mercado”, acrescenta Alcântara.

A expectativa da Honda, com a nova Bros 160, é manter as cerca de 14 mil unidades mensais vendidas da 150, o que a coloca em 4º lugar de vendas no país, com base em números de emplacamentos, segundo a Fenabrave, a federação dos concessionários.

Enquanto isso, a Crosser segue “escalando” o ranking de vendas: foi a 10ª na lista de outubro, com cerca de 2,5 mil unidades emplacadas. Ainda é pouco comparado à Bros, mas somente o fato de a Yamaha colocar mais uma moto no top 10 já incomoda a Honda. Para tornar a Bros mais atraente frente à Crosser, a riva oferece 3 anos de garantia para o novo modelo, o que antes só era feito com a CG.

O novo modelo inova com uma versão, a ESDD, mais cara, com freio a disco tanto na dianteira quanto na traseira, o que a Crosser não oferece.

Aliás, não há mais versão da Bros com freio a tambor dianteiro. A de "entrada", ESD, tem freio a disco na dianteira e a tambor na traseira. O preço equivale ao da Crosser ED, que segue a mesma "receita". Mas a Yamaha ainda oferece a Crosser com freio a tambor nas duas rodas, por R$ 9.050.

Com Bros 160 e XTZ 150 Crosser, o segmento está mais evoluído do que nunca. Enquanto a Yamaha apostou em uma moto com visual “jovem”, quase uma supermotard, com para-lama baixo, a Honda evoluiu o motor e também trouxe mais emoção ao conjunto. O resultado são motos interessantes, porém, cada vez mais caras.



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