Fabricante das motos mais populares do aís, a Honda partiu para um avanço mais agressivo sobre os segmentos mais sofisticados do mercado de duas rodas, onde quer ocupar espaços de competidores internacionais do porte de Harley-Davidson, Kawasaki, BMW Motorrad, Suzuki, Ducati e Yamaha.
A decisão da empresa envolve a adaptação da rede de concessionárias - com a criação de espaços de venda dedicados a motos de alta cilindrada - além do treinamento de vendedores e mecânicos para garantir o suporte técnico e comercial a produtos com maior complexidade tecnológica.
A Honda já tem 60 revendas preparadas e pretende expandir esse número para 100 lojas até o fim do ano, chegando a 150 pontos de vendas até 2013. O objetivo é reforçar posição a posição nas vendas de motos com mais de 450 cilindradas, cujos preços mantem de R$30 mil e chegam até R$95 mil.
Em três anos, a montadora quer aproveitar a ascensão social no país para expandir de 25% para 40% sua participação nesse mercado - que, em suas contas, sairá de 40 mil para 55 mil unidades até 2013.
As motos de alta cilindrada representam praticamente um nicho de um mercado, o qual somou 1,8 milhão de motocicletas no ano passado. Mas seu rápido crescimento e possibilidade de ganhar com o rentável negócio de itens de segurança, acessórios e customização estão estimulando as revendas a investir no segmento.
Roberto Akiyama, diretor comercial da Honda, afirma que o público do mercado de alta cilindrada costuma consumir em torno de 10% do valor da moto em artigos acessórios, como capacetes, macacões, luvas e equipamentos opcionais.
Dentro das ações para preparar a equipe de assitência técnica, mecânicos da Honda passaram por 150 horas de treinamento, o dobro do tempo gasto na formação dos técnicos de motos de baixa cilindrada. Em outra frente, a área comercial das revendas foi reformulada para abrigar novo showroom e uma butique de acessórios e vestuários.
Do lado de fora das lojas, pouco muda. Não está sendo adotada uma nova bandeira para diferenciar as concessionárias que aderem ao novo modelo. "não é uma nova rede, mas o conceito é diferente", conta Akiyama. "Também não há divisórias entre os espaços da loja. O desejo é que todas as pessoas conheçam as motos de maior cilindrada", acrescenta.
A maioria das adaptações ocorre nas regiões Sul e Sudeste, tidos como mercados de maior potencial para esse tipo de negócio. Mas Akiyama conta que algumas lojas também estão sendo adaptadas no Nordeste, que se tornou o principal mercado para as fabricantes de motocicletas.
A Honda decidiu dar maior foco a um segmento de mercado considerado premium após ver a demanda por alta cilindrada quase dobrar de tamanho nos últimos cinco anos.
A montadora, contudo, em tem pela frente um mercado mais dividido, onde não desfruta da mesma hegemonia vista nos demais segmentos - sobretudo de média cilindrada. De janeiro a setembro deste ano, a Honda respondeu por 79,1% do total de motos novas vendidas no Brasil, segundo dados da Abraciclo, a entidade que representa o setor.
No complexo industrial da empresa instalado em Manaus (AM) - onde está a maior fábrica de motos do grupo japonês no mundo, com capacidade de produzir uma motocicleta a cada oito segundos - a empresa já produz alguns dos modelos de alta cilindrada, como a Hornet e a Shadow.
Outros quatro modelos, incluindo a premiada VFR 1200F, são importados. Akiyama não descarta trazer essas motos ao Brasil, mas desde que elas atinjam vendas de pelo menos 1,5 mil unidades. "Vamos fazer tudo o que for preciso para viabilizar a produção em Manaus", diz.
Com 35 anos em cinco linhas de montagem a fábrica da japonesa Honda no Brasil deverá produzir 1,65 milhão de motos neste ano. Se necessário, a unidade poderá alcançar 2 milhões de unidades a partir da contratação de mão de obra.
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